9 de julho de 2015

Valorização


(Imagem retirada da Internet)

Sinto-me, a cada dia que passa, mais desiludida com esta sociedade ou com a minha geração. Não apenas por um motivo, mas sim por vários. Talvez, no tempo dos meus avós as coisas fossem mais difíceis mas a sua valorização e a valorização das pessoas em si, fosse maior, fosse como eu acho que deveria ser!
No fundo, antes as coisas eram feitas com esforço, para ganhar algo era preciso muita luta e determinação, era tudo muito difícil e muitas vezes isso é que dava mais satisfação. Hoje em dia, os facilitismos consomem as pessoas e por isso, ninguém valoriza nada ou quase nada, porque podem ter sempre mais e mais. Vivemos num mundo onde tudo tem preço, mas quase nada tem valor, e as poucas coisas que tem valor, são poucos aqueles que as sabem valorizar.

Possivelmente, nunca ninguém soube valorizar desde o início dos tempos, logo, cada vez faz mais sentido quando se diz que só se dá valor quando se perde. O problema é que em vez de as pessoas aprenderem com os seus erros e tentarem melhorar os seus defeitos e os defeitos dos outros, elas limitam-se a repetir tudo de novo e cada vez mais amplificado, como se nada tivesse valor! E quando por fim percebem o que realmente é importante, já não há nada a fazer.
   
No tempo dos nossos avós, as coisas não eram de todo um mar de rosas. Sempre houve a desvalorização, o facilitismo, as guerras, o amor, a paz… Mas há diferenças, e essas diferenças para mim são fulcrais! Por exemplo, a humildade e o respeito eram princípios sempre presentes na vida das pessoas, mas hoje? Hoje, não posso dizer o mesmo. O respeito é cada vez menos. As pessoas não têm respeito nem para consigo mesmas, nem para com as pessoas da mesma idade, muito menos para com as pessoas mais velhas. Como pode o ser humano ser assim tão cruel? Perguntas sem resposta. Humildade? São raras as pessoas que têm esse princípio. As pessoas tornam-se tão materialistas ao ponto de dar apenas para receber em troca, isto quando estamos a falar de objetos. Porque a coisa muda de figura quando se fala de afeto e carinho ou de outro sentimento. Como diz uma amiga minha: “dás tudo de ti e apenas recebes metade”. Para perceberem, a desvalorização não acontece apenas com as pessoas, objetos e sentimentos mas acontece também com as palavras. Por exemplo, o amor que antes era o sentimento mais bonito e imprevisível do mundo, têm vindo a tornar-se cada vez menos. As pessoas apenas se amam a elas próprias. Não faz sentido, essa palavra nutre o maior sentimento de sempre, o objetivo seria apenas dizer a alguém muito especial, ou apenas às pessoas mesmo especiais. Nos dias de hoje, dizer “eu amo-te” agora mas a probabilidade de te amar daqui a dois segundos é totalmente escassa.    


Tenho pena que seja assim, e gostava que as coisas mudassem, mas mais uma vez nós apenas percebemos e damos valor quando perdemos as coisas. Para que existisse mudança não pode ser apenas um a remar contra a maré, os pensamentos e vidas das pessoas tinham de se alterar drasticamente. E afinal, quem está disposto a isso?  


Carolina Figueiras


     

Nenhum comentário:

Postar um comentário