(Imagem retirada da Internet)
Hoje acordei cansada, como todos os dias da minha vida desde que trabalho na fábrica de sapatos da zona. Já dei vinte anos à casa, mas a cada dia que passa sinto-me mais revoltada com a situação.
Levantei-me às seis da manhã, tomei o meu banho matinal, vesti-me
calmamente e fui para a cozinha preparar o meu pequeno-almoço. Depois, tirei o
almoço do frigorífico e coloquei-o na lancheira, peguei nas chaves de casa e do
carro e parti para os quinze minutos de estrada que me separam do meu local de
trabalho. O dia mal tinha começado e já estava cansada, cansada da vida. No
caminho preparo-me mentalmente para as oito horas de trabalho que se vão seguir
com pequenas pausas para comer, porque o que importa é produtividade, ou o meu fim
é ir para “o olho da rua”. Ou produzo, ou deixo de ter comida para alimentar os
meus filhos no final de cada mês.