14 de junho de 2015

Conversas de café

            


                                                    (Imagem retirada da Internet)


Ouvi hoje uma conversa, entre um adolescente e uma senhora velhinha, no café da esquina. Supostamente não deveria ouvir as conversas alheias, mas esta fez-me pensar. Penso que era uma avó e um neto.

O rapaz estava a falar da nova política para proteger o ambiente, reutilizando os sacos dos supermercados, dizia que achava certo que se pagassem os sacos a partir de agora, assim o ser humano daria mais valor ao ambiente. A avó questionou-o, e, realmente a pergunta da senhora fazia todo o sentido, era uma pergunta sábia: “Será que o ser humano deu/dá ou dará valor ao meio ambiente?”

O rapaz respondeu-lhe dizendo que está tudo a mudar, as pessoas e as suas mentalidades também. Segundo ele, esta geração preocupa-se muito mais com o meio ambiente.
A avó voltou a questioná-lo: “Será que sim, meu filho?” E, partir daí, a conversa tomou outro rumo, o que me fez pensar o quão ingratos e injustos somos com o nosso planeta, as nossas árvores, plantas, flores, água, ar…enfim, com a nossa Natureza!
     
“Meu filho, desculpa dizer-te, mas a tua geração e a dos teus pais é que tem estragado a Mãe Natureza, no meu tempo as pessoas andavam de escadas para ir para os andares de cima, não havia escadas rolantes ou elevadores. Poucas eram as pessoas que tinham carros, por isso, caminhávamos para irmos a qualquer sítio, fosse onde fosse. As fraldas dos bebés eram de pano, é verdade que dava mais trabalho, mas não havia o facilitismo das fraldas descartáveis. Tínhamos os tanques para lavar a roupa à mão, sem máquinas de lavar ou secar roupa. A loiça suja era também lavada à mão não havia máquinas de lavar loiça, que gastam litros e litros de água. Os banhos eram tomados o mais rápido possível, não havia banhos de emersão. Reutilizavam-se as garrafas de vidro do leite ou mesmo da água voltando a enchê-las sempre que necessário. Televisão, telemóveis, internet e aparelhos eletrónicos de alta qualidade nem sequer se imaginava que algum dia existiriam, havia apenas um rádio e uma televisão em casa para poder usufruir de tempo de qualidade em família, não havia uma televisão em cada quarto da casa. Muitas vezes, se tínhamos sede íamos beber diretamente da fonte, assim evitávamos a utilização de uma enorme quantidade de garrafas de plásticos poluentes. Os livros ou até as roupas do filho mais velho passavam todas para o filho mais novo. Utilizávamos canetas recarregáveis para que pudéssemos usar o maior número de vezes possível. Andávamos maioritariamente em transportes públicos ou tínhamos bicicletas. Então meu filho, ainda achas que a tua geração se preocupa mais com o ambiente do que as outras?”.
     
Talvez a princípio a minha opinião fosse a do rapaz, talvez a vossa opinião também fosse a do rapaz, mas depois de ouvir aquela velhota nada me faz acreditar mais que, a cada dia que passa, o ser humano estraga mais o planeta onde vive, e das duas uma, ou não vê isso ou não tem qualquer tipo de interesse nisso. Depois de ouvir o que ouvi, vou mudar a minha atitude em relação ao planeta, posso ser apenas um, mas um pode fazer a diferença!


Carolina Figueiras

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