(Imagem retirada da Internet)
Hoje em dia, algumas pessoas não têm a noção das
repercussões que determinadas palavras tem na vida de quem as ouve e é
exatamente por esse motivo as que proferem.
Todos sabemos que não há nada mais fácil
do que ser adolescente, sem problemas, a vida é um arco-íris eterno, cheio de
unicórnios e gnomos com potes de ouro. No entanto, se as coisas não correm como
queremos, o mundo fica virado do avesso e um problema que pouco importância
tem, é vivenciado de uma forma muito intensa e os adultos esquecem-se que esses
problemas importam e importam muito.
Para uma adolescente que sempre se viu invisível no
meio de tanta gente, uma miúda rodeada de pessoas, mas sozinha, a sua
autoestima não podia ser mais alta, verdade!? Depois um bocadinho de acne, não
faz mal nenhum, não é? Assim, um bocadinho aqui outro bocadinho ali, e “taram”, um
bocadinho em toda a face, um pouquinho na testa, um pouquinho nas bochechas,
nariz, pescoço, nada de mais, até porque “isso passa”, não é o que dizem?
Então,
quando a jovem achava que a sua autoestima não podia subir mais, eis que
rebenta a escala, seria impossível adorar-se mais, olhava-se ao espelho e
sentia-se linda, deslumbrante ao contemplar o seu reflexo. Todos os dias tinha
“amiguinhas” novas na face a quem devia cumprimentar e, se de um dia para o
outro duas borbulhas iam embora, no dia seguinte apareciam mais quatro novas
borbulhas, todas elas possantes e lustrosas para a abrilhantar.
Tratamentos?
Pílulas? Cremes? Limpezas? Para quê tanta coisa?! Tentar repudiar esta amizade
tão linda entre uma jovem adolescente e as suas “espinhas” e ainda por cima, na
melhor etapa da sua vida, devia ser crime, sim crime, como é possível tentar
destruir tamanha amizade, nem pensar! Elas que tanto insistem e persistem em se
colonizar na vida da rapariguinha, borbulhas venham, venham são bem-vindas.
Tudo
melhora quando surge comentários maravilhosos como: Amiga “estou horrível hoje,
já viste está borbulha aqui, pareço um monstro, estou tão feia/o”. Bom e aí nós
os borbulhentos, com a melhor das intenções providos de paciência, humildade e
uma grande dose de resiliência, vamos analisar a situação para poder ajudara a
amiga/o, já que somos experientes sobre o assunto, e ao analisar a situação
verificamos que a borbulha é tão grande, tão grande que só é possível ver com
uma lupa. Nesse momento, engolimos em seco, e pensamos, será que estão a “gozar
com a nossa cara”!
Para
terminar, teremos de colocar a cereja no topo do bolo, e assim tudo ficará
perfeito neste mundo onde todos opinam, comentam e cujos comentários podem
destruir qualquer um. É do conhecimento geral que os adolescentes gostam de
explorar tudo aquilo que não é conhecido, portanto, experimentar redes sociais
onde pessoas anónimas podem fazer perguntas ou escrever qualquer coisinha… mas
atenção, só coisinhas boazinhas, não vai provocar nenhum dano, pois não? Ah,
claro que não, então vamos lá, expor a nossa jovem ao mundo mais uma vez. “
bla, bla, bla, tu, tens pele de pizza, e a X tem pele de bebé!”. Verdade
amigos? No momento a tristeza invadiu mais um pouco o amago da jovem
adolescente, mas no mesmo instante se refez e comenta sem rodeios, nós adoramos
pizza, quem é que não gosta, afinal?
Nós
de facto, só damos valor quando perdemos ou sentimos na pele (literalmente),
criticamos e falamos sobre aquilo que não sabemos, queixamo-nos e dramatizamos
aquilo que nem chega a ser um problema, porque o ser humano não sabe nem nunca
soube se colocar no lugar do outro, talvez aí esteja o problema de tudo. Como
esta jovem há umas mil, cabe-nos a nós, ser conscientes, ser humanos, e mudar.
Carolina Figueiras
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