28 de setembro de 2014

Sete e Cinquenta

Era um rapazinho com pouco mais de dez anos, que passava todos os dias pelas sete e cinquenta na minha rua, talvez fosse para a escola, ou não…a curiosidade matava! 
Era baixo, magro, com um ar sempre triste e só. Levava quase sempre a mesma indumentária, calções rotos, uma camisola demasiado pequena para o seu tamanho e uns ténis com ar de quem já tinham sido de vários jovens como ele. 
Soube pelas vizinhas que a sua família se tinha mudado há pouco, tinha vindo lá das Índias…por isso aquela pele tão escura. Era um família pobre! Assim fica explicada a sua roupa.

Cada dia que passava, ele vinha mais triste e isolado, até começar a ter várias manchas negras pelo seu corpo. Eu continuava a vê-lo e admira-lo sem nada dizer! Tinha pena, queria ajuda-lo, saber o que se passava, mas perdia a coragem sempre que o via da janela.

Dias mais tarde, soube novamente pela vizinhança que aquele rapaz que contemplava sofria de bullying. Estava decidida a ir falar com ele na manhã seguinte, queria ajudá-lo! Mas, ele não apareceu naquele dia, e todos os dias durante uma semana, esperei. Foi então que soube que a sua família se mudará. 

Ainda hoje não sou capaz de andar de comboio, consequências da ocorrência, da qual não gosto de falar…Mas todas as manhas vou até á janela e espero até ás sete e cinquenta a imaginar aquele rapazinho a passar…se um dia pudesse eliminar algo deste mundo seria o bullying.


Carolina Figueiras


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