30 de setembro de 2014

Pensamentos


Talvez fosse uma sexta-feira, ou não, não sei bem. Levantei-me bem cedo, às seis e meia da manhã para estar no metro às sete e quarenta e cinco. A minha vida vai calma e a idade já pesa. Conversa de velho diriam vocês, juventude. 
Não perdi o metro e entrei como todos os dias. Mas, nesse dia foi diferente, o metro estava cheio. O meu lugar habitual estava ocupado e todos os outros também. Momentos depois, as minhas pernas já se faziam sentir, estavam cansadas e agora mesmo tinha começado o dia. Esperei, mas já tinha perdido a esperança. Olhava em volta e todas as pessoas pareciam ocupadas, ocupadas de mais para se preocuparem com um velho, como eu… alguns falavam, outros escreviam mensagens ou falavam ao telemóvel, alguns dormiam, e mesmo aqueles que olhavam para mim nada faziam. Pensei também nas grávidas nesta situação, e não só. 

Sei que não sou pai de ninguém nem tenho de dar lições de moral, estou preocupado sim, com o futuro e a mentalidade de todas estas crianças e adultos que vivem neste mundo e que não mostram respeito nem por aqueles que aqui passaram nem pelo próprio mundo, talvez nem por eles próprios. Até os amigos e a família já não se respeitam. Tenho pena e fecho os olhos muitas vezes, mas a verdade é que me preocupa… não me preocupo comigo que já estou velho e cansado mas sim, mais uma vez, pela vida futura de todas estas pessoas. Penso também naquelas pessoas boas, que pensam como eu, que hoje em dia são raras exceções, como será que se vão adaptar? São perguntas para as quais não arranjo resposta. 

Tenho pena! E sei que todas estas perguntas ou pensamentos, que não passam disso, vão ficar nas profundezas da minha cabeça. Segui caminho e quando a porta do metro se abriu, não olhei para trás, não queria ficar ainda mais triste, mas estes pensamentos não me saíram da cabeça o resto do dia. 



Carolina Figueiras


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