26 de fevereiro de 2017

O autorretrato que a todos fica bem!

(Imagem retirada da Internet)


Autorretratarmo-nos é como se vivêssemos sem proteção e, na sociedade atual, é muito difícil; no entanto há um autorretrato que se encaixa sempre bem, digamos que é a máscara socialmente aceite….

Na verdade, vivemos numa sociedade preconceituosa. Por isso, aprendemos a sobreviver e a defender-nos, negando aquilo que somos e evidenciando qualidades que nunca existiram em nós, mas sabendo que essas qualidades são bem aceites.
Por conseguinte, gritamos para que todos nos ouçam, EU SOU… bla, bla e simpática, EU SOU bla, bla e amiga, EU SOU bla, bla e sensível aos problemas da sociedade e EU SOU bla, bla…e EU SOU bla, bla!
Com efeito, fazer o autorretrato físico é fácil, não podemos negar o nosso aspeto. Então dizemos: sou alta, sou morena, tenho olhos azuis e cabelo preto, sou nariguda, tenho orelhas grandes…. Tal como na história do Capuchinho Vermelho, facilmente descobrimos pela informação dada que na frente do capuchinho está o lobo mau e não a sua avozinha.
      
O problema surge quando o autorretrato pretende decifrar aquilo que eu sou, aquilo que eu desejo, por outras palavras, a minha essência… Como se pode falar sobre isto numa sociedade como a nossa, onde todos se sentem no direito de opinar, criticar e julgar!?
Fácil, vivendo num mundo do faz-de-conta, razão pela qual apenas se diz aquilo que o outro quer ouvir, aos pais dizemos: “Eu sou muito verdadeira, eu nunca minto”; aos amigos e colegas: “eu guardo segredo, podes contar, podes desabafar…”; aos professores: “eu estudo muito, eu faço os trabalhos de casa todos”, e à sociedade “eu não sou corrupto, eu protejo a natureza, eu ajudo os necessitados, eu aceito a diferença eu sou muito trabalhadora!” …
        
Este é o autorretrato que encaixa sempre bem.
O problema são as atitudes e os comportamentos e aí nada se encaixa com o autorretrato que fazemos de nós próprios. Assim, “não bate a bota com a perdigota”.
O que fazer? Talvez encarnar o papel do Capuchinho Vermelho e não se deixar enganar pela voz melosa do lobo mau, … esse é o maior desafio! Descobrir o que está para além das aparências, pois sabemos bem que não é apenas no Carnaval que se usam máscaras!


Carolina Figueiras

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